O estudo é importante em qualquer área da vida, portanto, teses que buscam abolir a pesquisa, a reflexão e o raciocínio da nossa Umbanda são núcleos fundamentais de um constructo que só serve para disseminação e perpetração da ignorância. E a ignorância, extremamente oposta ao conhecimento, é um perigo, é arma nuclear no projeto das trevas.
Ora, não há tese, teoria ou resultado de pesquisa, em lugar ou momento algum da história humana, que tenha surgido do “nada”, ou, trocando em miúdos, que não tenha surgido de observação, análise e estudo da prática. Na Umbanda não é diferente!
Tudo o que é estudado e transformado em teoria parte [ou partiu] da observação prática, que serviu de mola propulsora para que mentores espirituais trouxessem-nos, mais recentemente, fundamentação científica [da ciência divina] daquilo tudo que já conhecíamos empiricamente.
Estudar a nossa religião é compreendê-la. Mas, como em qualquer setor da vida em sociedade, o estudo pode ser realizado por fora ou por dentro da “casa”.
Pois, sabendo da importância que se mostra da pesquisa e compreensão da nossa manifestação religiosa, precisamos compreender como isso deve se dar.
Toda e qualquer religião deve ter como motor fundamental a Fé, como combustível o Amor e, como estrada ou caminho para um bom percurso, o Conhecimento.
Então, o Conhecimento [o estudo, a teorização] que se realizará da forma já mencionada, não pode vir sem Fé e Amor ou, ao menos, com uma compreensão desse aspecto por parte daquela pessoa que está realizando o trabalho.
Isso diferencia o estudo realizado por “fora da casa” daquele realizado “por dentro da casa”. No primeiro caso, refere-se a estudiosos que não são adeptos da Umbanda e a observam com a curiosidade salutar de pesquisadores, buscando realizar uma pesquisa acurada das nossas manifestações; já no segundo caso, refere-se a adeptos que buscam, através de um estudo ordenado, compreender mais a fundo a nossa religião.
Se aquela pessoa que estuda por “fora da casa” não compreender os aspectos de Fé e Amor, acabará realizando uma labuta superficial, ainda que, aparentemente, mostre-se como profunda.
A academização do fundamento religioso é algo que vem travando a compreensão dos mistérios, no “frigir dos ovos”, até mesmo de umbandistas, que, ávidos por estudo, compreensão e aprofundamento, acabam dando ouvidos a teorias superficiais de pessoas que não pesquisaram a nossa manifestação por “dentro da casa”. Isso, invariavelmente, traz uma série de preconceitos infudamentados, exatamente pela falta de vivência [ou compreensão, ao menos] da Fé e do Amor.
Concluo este breve texto trazendo uma reflexão para todos nós. Vemos intelectuais, artistas, que aderem ao culto de Orixás, mas que são declaradamente ateus. Pergunto: a nossa devoção é puramente cultural? Seria uma incongruência, caso assim pensássemos!
Por isso, a Fé [ou, ao menos, uma plena compreensão a esse respeito, de parte de quem realiza a pesquisa] deve ser o primeiro ponto e pontapé inicial para uma compreensão verdadeiramente holística, caso contrário, todo e qualquer estudo irá pelo ralo.
Um saravá fraterno!
André Cozta
Fonte da imagem: https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/umbanda.htm